E aproveitando a época do dia das bruxas vou tratar de um dos maiores clássicos do gênero Terror, um dos precursores dos Slashers atuais, o longa que influenciou todos os filmes de serial killer posteriores. Estou me referindo a nada mais, nada menos que HALLOWEEN- A NOITE DO TERROR, produção de 1978 , dirigida pelo hoje cultuado cineasta John Carpenter. A película foi uma das primeiras a mostrar um psicopata indestrutível, Michael Myers, que juntamente com Leatherface, de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (1974) ; Jason Voorhees, de SEXTA FEIRA 13 (1981) e Freddy Krueger, de A HORA DO PESADELO (1984), tornou-se um ícone da cultura pop, um personagem que fixou-se, de forma imorredoura, no imaginário popular.
A história se passa em Haddonfield, uma cidade de Ilinois, para a qual Michael Myers retorna, na noite do dia das bruxas, após fugir de uma instituição psiquiátrica onde estivera internado por 15 anos, desde o dia em que assassinara a facadas, com apenas 6 anos, sua irmã mais velha. O psicopata se instala em sua antiga residência, agora abandonada, de onde sai, utilizando uma máscara, apenas para cometer terríveis e sangrentos assassinatos.
Ao contrário do que essa sinopse possa sugerir, HALLOWEEN possui um gore modestíssimo. Durante todo o filme, apenas quatro mortes acontecem. Três são mostradas, ainda que de forma pouco explícita, e uma se dá em off, fora do enquadramento das câmeras, diferente do que se vê em produções posteriores, como SEXTA FEIRA 13, por exemplo, em que as mortes acontecem às dezenas, com violência exageradamente gráfica e sangue jorrando em abundância.
A trama não dá espaço para o desenvolvimento de personagens, todos eles existindo apenas para morrerem nas mãos do psicopata ou sentirem medo dele. A própria Laurie Strode, a protagonista, interpretada por Jamie Lee Curtis, é unidimensional, desprovida de qualquer arco dramático que pudesse dar-lhe alguma profundidade e complexidade. Ela destaca-se no filme somente porque é a única a enfrentar o psicopata, a despeito do medo que a domina. O elenco conta ainda com a presença de Donald Pleseance, vivendo o Dr. Loomis, psiquiatra responsável por Michael Myers, e que passa todo o filme caçando seu paciente, na tentativa frustrada de impedir que ele cometa mais crimes.
Escrever sobre HALLOWEEN sem mencionar a genial trilha sonora, composta pelo próprio diretor John Carpenter, é um verdadeiro sacrilégio. As notas insistentes de piano, que surgem juntamente com a figura sinistra de Michael Myers, e até também nos momentos em que o assassino não aparece, ajudam a construir a atmosfera angustiante e perturbadora que permeia todo o longa. A composição de Carpenter tornou-se icônica, tanto quanto a imagem de Michael Myers, e não há quem não faça a associação dessa trilha musical com o filme, mesmo aqueles que nunca assistiram a HALLOWEEN.
HALLOWEEN- A NOITE DO TERROR não poupa o espectador dos clichês próprios do gênero a que pertence. Há também algumas derrapadas no roteiro, mas nada disso conseguiu impedi-lo de se tornar um clássico. O pioneirismo de John Carpenter, bem como seu excelente trabalho atrás das câmeras, contribuiu, e muito, para que isso acontecesse. Ao contrário de alguns diretores da atualidade, ele aqui dispensa o recurso dos “jump scares” para provocar medo, preferindo uma abordagem mais psicológica, um terror menos explícito, porém mais tenso, mais agoniante, frente a uma ameaça que se esconde nas sombras e que a qualquer momento pode atacar. Carpenter trabalha esses elementos com maestria, e o resultado é um filme angustiante do começo ao fim, que cumpre com êxito o papel a que se propõe, ou seja, causar tensão e desconforto a todos aqueles que o assistem. Como todo clássico que se preza, HALLOWEEN- A NOITE DO TERROR acabou rendendo várias sequências. Infelizmente, Com exceção da segunda parte, nenhuma delas alcançou o nível de qualidade do original.
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