Era pra ser apenas uma exploração numa das inúmeras cavernas da bacia de São Francisco. Eu e meus amigos já estávamos habituados a fazer mergulhos esportivos, mas essa seria nossa primeira experiência de mergulho numa caverna submersa. Tudo estava fadado a dar errado desde o começo.
Quando nadava, a pressão dos pés contra a água levantava o lodo alojado ao fundo, tingindo a água de um tom marrom que nos cegou quase completamente. A luz de pouca potência que trouxemos não serviu de auxílio e, após algumas horas de mergulho, sentimos o cabo guia ser partido misteriosamente.
Com a pouca visão, em um ambiente claustrofóbico e sem um rumo a seguir, começamos a temer pela nossa segurança ao apalparmos nosso caminho de volta. Foi então que avistei aquela horrível silhueta de uma criatura marinha.
Pelo pouco que pude ver em meio à água barrosa, parecia espreitar uma figura de forma humana, mas de corpo seco, escamoso. Com uma única crista na cabeça que separava entre grandes olhos amarelos.
Assisti meus companheiros de viagem serem devorados um a um com a cruel violência de um colérico e profano predador. Perdido pelos corredores de lodo e pedra e sufocado pelo pouco que me restava de oxigênio, só me restou a esperança de que a criatura demonstrasse alguma piedade e que acabasse comigo de forma rápida e com pouco sofrimento...
(Rafilsky Ferreira - para o nosso especial Halloween)
O escritor também faz parte da Antologia VAMPÍRICA - Contos de terror sobre vampiros, disponível em nossa loja - soturnos.com/product-page/vampirica
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