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O Mal do Século – Resenha

Resenha escrita por: Sr. Arcano


De grande importância no livro de Renan Caíque, e provavelmente sendo algo que deve passar despercebido para a maioria dos leitores em sua obra, é a mensagem que existe por trás do conto “A morte de um poeta”. Esse texto se diferencia do conjunto de sua coletânea, composta em sua quase totalidade por poesia.


O poeta personagem de seu conto tem muito talento, e recebe uma ótima proposta de um grande editor. Mas o escritor tem sua alma voltada para os encantos sublimes da poesia, e os profissionais de Letras que o cercam, ao contrário, vivem para uma época em ascensão, voltada para os ganhos materiais. Ser um escritor famoso, que consegue riqueza com sua obra, é sinônimo de talento para o mercado editorial dessa época voltada para o comercialismo – um tempo que ainda se encontra em seu início na cronologia do conto.


Para a elite dos grandes e ricos editores e escritores, que ostentam seu modo de vida luxuoso, regado a vinhos caros e festas ilustres, lançar um livro é motivo de comemoração, mas não para os escritores do Mal do Século.


Para o poeta que mergulhou a alma na mais profunda arte poética do Romantismo, escrever é um estado de iniciação extranatural. A poesia torna-se uma tempestade de sentimentos, que se alterna constantemente entre o sublime e o pungente. Nessa condição, o escritor ultrarromântico compõe sua obra entregando-se de corpo e alma às suas emoções.


Ao terminar seu livro, não há o que comemorar. E existem relatos de que alguns autores dessa época queimaram suas obras, logo após serem concebidas.


Se já é difícil concordar com uma pessoa que elogia sua visita aos infernos da alma, o que dizer então de vários leitores o aplaudindo? Para o poeta, seu exemplo não deve ser seguido, muito menos elogiado.


O poeta sabe que, quem não passou pela mesma experiência, mesmo em pequena parte, não sabe o que diz ao elogiar seus escritos. São argumentos vazios. O que se busca nesse momento são experiências parecidas com as suas, que justifiquem uma conversa literária e (por que não?) um bom vinho para acompanhar. A classificação da obra em boa ou ruim não importa, muito menos os ganhos materiais adquiridos com o livro. Ali está um pedaço do escritor, arrancado de seu espírito de uma forma nada fácil: com dor, alternando-se entre estados de insanidade e assombros. Quando se atinge esse estado da alma, a poesia precisa ser tratada com cuidado, e o livro que a carrega deve ser recebido como uma relíquia, porque nasceu de forças misteriosas ainda incompreensíveis para os homens, forças estas influenciadas por espíritos milenares que, em seu meio, também abrigam os que se aventuraram nos profundos infernos da alma.


O termo “Mal do Século” foi usado para classificar muitos poetas que viveram na época do Romantismo – estilo de época literário do século XIX –, envolvidos profundamente com sentimentos de decadência, tédio, desilusão e melancolia. A existência, para eles, era inútil e fútil. Alguns se envolveram tão profundamente com esses sentimentos que acabaram por desenvolver um gosto pelo mórbido e pelas personalidades doentias e autodestrutivas.


Os poetas que se destacaram nessa época foram: Álvares de Azevedo (1831-1852), Casimiro de Abreu (1837-1860), Fagundes Varella (1841-1875), Junqueira Freire (1832-1855), Lord Byron (1788-1824), Goethe (1749-1832), Chateaubriand (1768-1848), Alfred Musset (1810-1857), entre outros...


O escritor Renan Caíque inspirou-se nessa época e publicou o livro “O Mal do Século” (2018 – Ed. Círculo Soturnos). Com poemas magistrais, sua obra é perfeita, com versos em rimas e ritmos primorosos, que lembram os escritos de autores do Romantismo e que, sem sombra de dúvida, compõem uma coletânea que, apesar de contemporânea, poderia muito bem estar entre os grandes clássicos da literatura romântica.


 

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Obrigado pela resenha, Sr. Arcano 😁

Beğen
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