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Blog Soturno

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Evandro Nunes

A Floresta Morta


I

Antes de o sol nascer para colorir o novo dia

De sorrir para uma manhã com imensa alegria

Toda a bicharada na floresta estava acordada

Pois um calor aos poucos invadia aquele mato

Atrás dele as labaredas com um vento ingrato

Devorava tudo que obstasse a sua caminhada.

II

Um clarão vivo e tremendo ensanguentava o ar

Que se fechou de fumaça; a mata sem respirar

Agonizava sem fôlego naquela grande fornalha

A fauna não escapa, enquanto nossa flora padece

Cinzas que o mais leve sopro espalha e desvanece

Deixando a floresta vestida com uma tóxica mortalha

III

É a queimada! Que vem devorando a floresta encantada

Deixando muita ossada de bicho nas cinzas esbraseada

Porque o fogo traiçoeiro e raivoso era muito mais veloz

Já não cantam mais os pássaros ao acordar pela manhã

Apenas fogem do bafo quente desse deus maia Huracán

E quem caminha não vai escapar dessa queimada feroz

IV

Um jabuti viu por ele passar animais correndo

Mas ele passou por muitos filhotes derretendo

Os pais não iriam socorrê-los nesse desespero

A mata acesa com a invasão do fogaréu ardente

Bichos e árvores queimados por um fogo valente

O jabuti ardia em chamas, o lume foi mais ligeiro

V

Uma mãe desesperada num galho pia em agonia

Porque naquela árvore no meio do fogo a sua cria

Não tem penas para fugir de seu ninho em chamas

Também não tem como enfrentar o inimigo malvado

O piar de seu filhote com o estalo do fogo misturado

Os ramos vão caindo em brasa que o vento inflama

VI

Ela desiste! E foge para bem longe desse inferno

O seu coração de mãe chorando esse amor eterno

Outro ninho será fabricado, outro fogo o queimará!

Assim desse jeito o ar piora a cada dia que passa

E nossos bichos engolirão fuligem e muita fumaça

A nossa fauna e nossa flora desse mundo sumirá!

VII

Joga água! Joga água nessa maldita queimada

É o meu sonho acordar e ver a mata esverdeada

E os pássaros cantando ao raiar de um novo dia

Não quero mais ver os ninhos serem queimados

Os jabutis nunca mais caminharem apressados...

Só quero um hino matinal de vida em cantoria!

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