I
Antes de o sol nascer para colorir o novo dia
De sorrir para uma manhã com imensa alegria
Toda a bicharada na floresta estava acordada
Pois um calor aos poucos invadia aquele mato
Atrás dele as labaredas com um vento ingrato
Devorava tudo que obstasse a sua caminhada.
II
Um clarão vivo e tremendo ensanguentava o ar
Que se fechou de fumaça; a mata sem respirar
Agonizava sem fôlego naquela grande fornalha
A fauna não escapa, enquanto nossa flora padece
Cinzas que o mais leve sopro espalha e desvanece
Deixando a floresta vestida com uma tóxica mortalha
III
É a queimada! Que vem devorando a floresta encantada
Deixando muita ossada de bicho nas cinzas esbraseada
Porque o fogo traiçoeiro e raivoso era muito mais veloz
Já não cantam mais os pássaros ao acordar pela manhã
Apenas fogem do bafo quente desse deus maia Huracán
E quem caminha não vai escapar dessa queimada feroz
IV
Um jabuti viu por ele passar animais correndo
Mas ele passou por muitos filhotes derretendo
Os pais não iriam socorrê-los nesse desespero
A mata acesa com a invasão do fogaréu ardente
Bichos e árvores queimados por um fogo valente
O jabuti ardia em chamas, o lume foi mais ligeiro
V
Uma mãe desesperada num galho pia em agonia
Porque naquela árvore no meio do fogo a sua cria
Não tem penas para fugir de seu ninho em chamas
Também não tem como enfrentar o inimigo malvado
O piar de seu filhote com o estalo do fogo misturado
Os ramos vão caindo em brasa que o vento inflama
VI
Ela desiste! E foge para bem longe desse inferno
O seu coração de mãe chorando esse amor eterno
Outro ninho será fabricado, outro fogo o queimará!
Assim desse jeito o ar piora a cada dia que passa
E nossos bichos engolirão fuligem e muita fumaça
A nossa fauna e nossa flora desse mundo sumirá!
VII
Joga água! Joga água nessa maldita queimada
É o meu sonho acordar e ver a mata esverdeada
E os pássaros cantando ao raiar de um novo dia
Não quero mais ver os ninhos serem queimados
Os jabutis nunca mais caminharem apressados...
Só quero um hino matinal de vida em cantoria!
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