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Blog Soturno

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ÂNCORAS DE MORFEU

Por: Danilo Lopes


Ainda há ratos mortos

Nas mais profundas

Cavernas de minh'alma

A cruz continua no ombro

A trilha é estreita

Causa - me assombro

Seguirei meu caminho

Não importa o odor

Escavarei as ruínas escuras

Catarei meus sucateados escombros

Aquilo que não foi devastado

E sei que com muita dor

Descobrirei o ninho onde meus

Temerosos demônios são chocados.


Vos atearei fogo

Vos afogarei em meu próprio sangue

E desatarei-me de vez de suas correntes

Livre estarei deste labirinto de ossos

Deste ranger de dentes

Deste maná de destroços

Desta masmorra de gritos

Onde vagam as almas atordoadas

Que não se fartam de luto

Nem de dias tristonhos

E se alimentam de aflitos

Com maldições persistentes

Impregnadas nos sonhos

Onde o sono é absoluto

Onde reina o breu

E a pálpebra é presa

Nas âncoras de Morfeu


Há de vir dias medonhos

Dignos do Coliseu

De desmair irrisonho

E meu espectro em viva revolta

Terá meu corpo de volta

Vendo a morte farta à mesa

Em um banquete de cal

Saciando- se na agonia

De minha antiga tristeza


E no exalar de crisântemos

Encontrarei equilíbrio

Extinguirei este pântano

Fomentador de distúrbios


Definhará este mal

Num faiscar de um relâmpago

E na frieza de um anfíbio

Controlarei o meu caos.



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