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Blog Soturno

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Nas mãos do Coringa


PAUS

Vamos jogar, doentes da sociedade! Não estou na moda, mas o estilo é meu. Não caio na pilha da falsidade. Se hoje eu perco, amanhã que rei sou eu?

Ontem sua pobre instrução me arruinou E hoje comando-lhe com mãos de ferro; Ontem seu preconceito me atrasou E hoje estou na frente e além do que eu quero;

Ontem você causou minha falência E hoje meu reviver causa-lhe espanto; Ontem fiquei de amor numa carência E hoje danço, casado com meu pranto;

Ontem comi do pão jogado fora E hoje como na mesa da riqueza; Ontem da vida quase fui-me embora E hoje se morro não tenho certeza;

Ontem fui criminoso e vagabundo E hoje sou conhecido como um mestre; Ontem, pobre, sofri castigo imundo E hoje o respeito de glória me veste.

Vamos dar as cartas, mas jogo sujo. Sou falso amigo, pois sou trapaceiro. Quando sou descoberto eu sumo, eu fujo, Mas no acerto de contas sou traiçoeiro.

ESPADAS

Vamos jogar, doentes da sociedade! Não estou na moda, mas o estilo é meu. Não caio na pilha da falsidade. Se hoje eu perco, amanhã que rei sou eu?

Ontem cumpri suas ordens abusivas E hoje aproveito minha liberdade; Ontem minhas horas foram explosivas E hoje caminho com tranquilidade;

Ontem sofri muito na escravidão E hoje piso em meus antigos senhores; Ontem me espancaram numa prisão E hoje espanco a lei dos inquisidores;

Ontem pela traição fui derrotado E hoje venci pela minha perfídia; Ontem na batalha estava esgotado E hoje na guerra dizimo sua vida;

Ontem curvei-me para sua coroa E hoje ergo em seu coração meu punhal; Ontem a instituição era minha patroa E hoje o coringa em seu jogo é o seu mal.

Vamos dar as cartas, mas jogo sujo. Nesse duelo de espadas sou disfarce. Quando sou descoberto eu sumo, eu fujo, Mas antes lanço a morte na sua face.

COPAS

Vamos jogar, doentes da sociedade! Não estou na moda, mas o estilo é meu. Não caio na pilha da falsidade. Se hoje eu perco, amanhã que rei sou eu?

Ontem fui um solitário no amor E hoje sou casado com minha musa; Ontem era amarga em seu vil torpor E hoje deseja o artista que lhe acusa;

Ontem chorei demais por sua atenção E hoje estou sorrindo com sua desgraça; Ontem me humilhei por seu coração E hoje piso em sua derrota sem graça;

Ontem fui abandonado na rua E hoje abandono quem me abandonou; Ontem minha fome foi culpa sua E hoje o meu perdão cortês acabou;

Ontem fui pela inveja assassinado E hoje os invejosos venho matar; Ontem, por ser livre, não fui amado E hoje amo a dor que vem lhes torturar.

Vamos dar as cartas, mas jogo sujo. No amor prefiro minha amada Morte. Quando sou descoberto eu sumo, eu fujo, Mas volto, pois nesse jogo tenho sorte.

OUROS

Vamos jogar, doentes da sociedade! Não estou na moda, mas o estilo é meu. Não caio na pilha da falsidade. Se hoje eu perco, amanhã que rei sou eu?

Ontem era mendigo atrás de esmola E hoje só preciso de canivetes; Ontem não era popular na escola E hoje brilho famoso nas manchetes;

Ontem fui pobre e fui menosprezado E hoje sou rico e o crítico desprezo; Ontem ninguém me ouvia, sofri calado, E hoje sou notícia, cresço e apareço;

Ontem não tinha mulher que me amasse E hoje qualquer mulher dorme comigo; Ontem só aplaudiam quem me criticasse E hoje a plateia assiste seu castigo;

Ontem suportei lições de moral E hoje eu desprezo a sua vil petulância; Ontem no lixo urbano passei mal E hoje tenho de vigor abundância.

Vamos dar as cartas, mas jogo sujo. Só apareço para lhe incomodar. Quando sou descoberto eu sumo, eu fujo, Mas volto para os seus ouros roubar!

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