Espalha-se lentamente, molécula à molécula, célula à célula.
Começa como uma ideia distante e falsa, e logo passa a ser uma possibilidade. De desafio em desafio, erro em erro simples pensamentos e ideias externas passam a ser um questionamento, será?
Uma decepção, um passo para trás. E as mentes ficam cada dia mais fracas e sujeitas à opinião alheia, e essa opinião, senhoras e senhores, são o reflexo de uma sociedade falida em princípios e esforços.
De palavras alheias passam a ser pensamentos próprios, e estes ganham dimensão a medida que fracassamos ou vemos o fracasso dos que amamos, e caem na corrente sanguínea.
Correndo por nossas frágeis veias, são absorvidas junto com as vitaminas de que necessitamos e são distribuídas em nossos sistemas. Primeiro o respiratório, que nos faz suspirar de desgosto e evitar o esforço que nos deixa ofegantes. Depois passa a nossos músculos evitando que o esforço físico nos deixe doloridos e que a nossa amada endorfina seja produzida. Por fim, nosso sistema nervoso que nos faz tremer e levar esses venenos diretamente ao cérebro.
Lentamente, molécula à molécula, célula à célula os venenos modernos se espalham por nosso corpo sem que percebamos, primeiro com o que parece bobo, e por fim com o encerramento de nossos prazeres e esforços.
“É melhor não tentar”
“Você vai perder seu tempo”
“Eu jamais iria conseguir”
Dos venenos modernos o pior de todos, insegurança.
Acadea é autora na Antologia Soturnos - Volume 3.
Comments