Poema de Danilo Lopes
Ai de mim!
Inseto isento de asas incertas,
Lacraia rastejante em
Terras de cemitérios,
Comedor de defuntos
Das cavernas subterrâneas,
Gafanhoto devorador
De papoulas,
Cria da volúpia e embriaguez,
Cuspido de um prepúcio apodrecido,
Parido da placenta do esquecimento
E amamentado nas pústulas
Da insensatez.
Bactéria escolhida pela orgia,
Venerado em escárnio e zombaria.
Tais quais sentimentos
Me assombram?
O terror da vicissitude me consome.
Sou um bicho nu e com fome,
A besta sobrevivente do apocalipse,
Sou o rascunho do homem,
A coisa que procura formas,
O sustentáculo da obscuridade,
O bode morto no
Pesadelo infantil.
A morte na estação da fertilidade
Dando a luz nos leitos dos sepulcros.
Ai de mim!
Um débil desvairado em meio
A uma guerra de angústias.
Desarmado e desnutrido de amor.
Preciso de música para dormir...
Um grito de gata no cio.
Este poema faz parte da antologia "Soturnos - Volume 4".
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