Poema de Geana Krause
A esperar por alguém que nunca chegou.
Seu corpo era frio
Sua alma não lembrava do calor;
Assim ela não percebia
Que não mais vivia;
Morta estava, já não mais dormia
Na janela a admirar a riqueza
Sonhava com a realeza e as festas de outrora
Sob dorso enrugado enfeitado de ouro
Não há rastros de beleza alguma
Que antes encantava os que ali passavam
Sua face decrépita no espelho
Não tem traço, nem vigor
Relembra juventude da sua madrugada
Eternas fantasias que lhe tiraram o tempo
E hoje o dourado das esmolas a consola
Joias caras de um orgulho podre
Não pagam as marcas de sofrimento
Neste mundo de dinheiro e beleza
Seu sorriso não existe, sua alma pura se perdeu
É uma caricatura do que já foi um dia
Nada resta além de amargura e tristeza
Rejeita a alma pura com que nasceu
Ao morrer não sobrará de você nem lembranças
Nada criou, nada fez
Passou em vão
Seus braços velhos são laços de desespero
De um alento que nunca cantou
Chegada a hora entrega a sua alma
Não vale nada
Aceite seu fim
Engole a lágrima e aceite sua derrota
Não se apavore que o pesadelo terá fim
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