Pelo buraco do umbigo Vejo a passos lentos tuas vísceras emaranhadas apodrecendo Teus anticorpos já cansados vão morrendo.
Até onde esta máquina levar-te-á? Sentes teus parafusos afrouxando E as engrenagens rugindo Como se estivessem emperrando?
Eis o acumular de bactérias Onde o regozijo é no desfecho Miserável da matéria. Vírus enferrujam o esqueleto Vermes enlouquecem no banquete Devorando o defunto putrefato e obsoleto.
Não há reflexo no espelho Foi-te a vida um vaidoso desespero Foi-se a vaidade no enterro
Ouça o tilintar das pás Sentes o peso da terra sobre o peito Em um arfar obscuro a te tocar E o clarão da vida se fechar
Não há mais jeito O ataúde é teu suporte Findaram-se a dor da carne e os cortes Resta apenas aceitar...
Eis o teu primeiro dia na morte.
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