A loucura bateu à minha porta, convidou-me para dançar. Era noite alta, eu sou péssima dançarina, mas o que importa?
Tomei coragem, coloquei aquele vestido vermelho, impuro, profano. Pus uma rosa no cabelo e bailei até o dia clarear. A loucura era ótima companheira, fez-me beber tanto vinho em nobres taças, que eu já não sabia mais o que estava a fazer. Ela me ofereceu charutos, a fumaça misturava-se com meus ébrios pensamentos, desejos de ter você. Ofereci minha companhia a um homem que eu não conhecia e não queria conhecer. Só precisava daquele corpo, daquele falo forte para meu único prazer.
Ele era jovem e ficamos acordados a noite toda, nem vi o dia amanhecer. Não lhe perguntei o nome, não me importava quem ele podia ser.
Arrastei-me de volta para casa, mas passando pela praça a loucura convenceu-me a entrar nas águas geladas daquele chafariz. Ninguém viu, somente pombos passavam por lá. Segui para casa e quando o sol finalmente brilhou no céu, eu dormi como miserável pecadora, despida, arrependida, nas asas da loucura…
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