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Blog Soturno

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Necrófila Tocata

Atualizado: 8 de mar. de 2020


Narração: Sr. Arcano.

O violoncelo fatigante

O contrabaixo trucidante

A harpa repugnante

A profana melodia

Sonoriza a necrodulia

É uma tríade abominável

O conjunto deplorável

O violoncelo lacrimejante

O contrabaixo lamuriante

A harpa meluriante

Miríade de notas infernais

Composição de acordes espectrais

A tríade decrépita prossegue o recital

E estruge entre as lápides o som bestial

O violoncelo praguejante

O contrabaixo caluniante

A harpa vociferante

Tocam os ritmos perversos e horrorosos

Em seus instrumentos disformes e asquerosos

As almas desencarnadas em alvoroço

Debatem-se no interior do calabouço

O violoncelo desanimante

O contrabaixo agonizante

A harpa inquietante

O mortório eterno vão acompanhando

o odor fétido dos restos mortais entranhando

Como folhas esvoaçam as partituras

Perdendo-se ao vento entre as sepulturas

O violoncelo martirizante

O contrabaixo supliciante

A harpa torturante

O féretro maldito no cemitério irrompe

E no trajeto imundo as almas corrompe

Enquanto os funestos músicos solfejam

E na cadência vibrante arpejam

O violoncelo molestante

O contrabaixo afrontante

A harpa castigante

A morte inclemente conduz os falecidos

Que sob a sua necrofágica foice são trazidos

Arrastando seus corpos apodrecidos

Que pelos vivos já foram esquecidos

O violoncelo desgastante

O contrabaixo desgraçante

A harpa degradante

A sonoridade perversa e tristonha

Reverbera entre a lápides, medonha

O ritmo hediondo lacera as entranhas

De todas as criaturas estranhas

O violoncelo consternante

O contrabaixo angustiante

A harpa queixante

Seres que a necrópole habitam

E em sua perniciosidade transitam

A música torpe, extenuante

Embala o repouso final e reconfortante

O violoncelo mortificante

O contrabaixo flagelante

A harpa lacerante

As entidades se contorcem no ossuário

Envoltas pelo nevoeiro mortuário

Embriagadas pela música letal

Tocada pela tríade imortal

O violoncelo nauseante

O contrabaixo ofegante

A harpa agoniante

Enquanto os funestos músicos solfejam

E na cadência vibrante arpejam

A noite cansada vai terminando

E a hedionda tríade, silenciando...

...O violoncelo balbuciante...

...O contrabaixo rumorejante...

...A harpa murmurejante...

 

Poema do livro: Há um DEMÔNIO atrás da porta

Disponível em nossa loja para todo o Brasil.


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