Poema de Danilo Lopes
Ouvi o tormento dos condenados
Senti na hora, uma nefasta brisa
Vinda do mundo dos mortos
Gritos de horror fluindo
Das catacumbas.
Eles sabiam de seu infortúnio
Esvaíram -se sob os ruídos de
Lágrimas chorosas e suplícios;
Embaixo da hipocrisia dos vivos.
Abrindo os olhos no escuro limbo
Vivendo a morte no vazio.
Não mais contemplarão a luz do sol
As boas lembranças se apagaram
Em súbito, ao entrar no reino da ruína
Selou -se a cripta do exício.
Haviam bárbaros dilacerados, soluçando,
Fetos abortados em fila indiana
Crianças de joelho, decapitadas e suas
Cabeças soltas de olhos abertos
com ar de fome, esfomeadas
Fome de ar...
Moscas corroendo a pele de
Rostos magros, pálidos e apodrecidos.
De nada vale a vaidade
Quando ali, se é vencido!
Fora o tosco orgulho
Esvaziado e sucumbido
O flagelo é contínuo...
Nada cessa, nada esfria.
Coágulos de sangue em ebulição
Bolhas espocavam na caldeira de réus
Dançando em demasiada agonia
Homens peidavam e
Um fétido odor exalava
Das pernas de mulheres danadas
Almas lamentando em eterno sofrimento.
A ópera dos defuntos ecoa sem destino
No vale da escuridão.
Jaz aqui toda esperança
Não há amor, nem razão.
Somente dor e desgraça
Advinda de uma vivida ilusão.
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